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Vacina previne apenas 30% dos casos de gripe. Entenda por quê

“Vacina contra a gripe não funciona. Já tomei e fiquei de cama.” A frase, conhecida, aparece sempre que o outono chega e a época de vacinação se aproxima. A impressão equivocada de que a vacina antigripal não protege tem uma outra resposta: o imunizante distribuído pelo governo e vendido em clínicas particulares é eficaz apenas contra o vírus Influenza, o mais conhecido e letal, mas é inofensivo contra 70% das infecções provocadas por pelo menos três vírus contra os quais ainda não existe vacina.

De acordo com o último boletim divulgado pelo Ministério da Saúde, neste ano, até o dia 8 de maio, 99 pessoas morreram no país vítimas do Influenza, vírus que infectou 896 pessoas em todo o Brasil. O que não recebeu publicidade, no entanto, foram as 2.449 infecções por outros vírus sem vacina, 73% de todos os doentes, e que resultaram em 103 mortes no mesmo período.

O ministério classifica três agentes como “outros vírus respiratórios”: Sincicial Respiratório, Parainfluenza e Adenovírus. Assim como o Influenza, esses agentes são responsáveis tanto pela Síndrome Gripal, a versão mais branda da gripe, conhecida pela febre, tosse e dor de garganta, quanto pela Srag (Síndrome Respiratória Aguda Grave), uma versão com sintomas mais intensos associados à gripe comum e que provoca tanta dificuldade para respirar que pode ser preciso internação e há risco de morte.

Enquanto 361 pessoas com Síndrome Gripal foram contaminadas pelo Influenza, esse número chegou a 754 pelos “outros vírus”, o que representa 68% dos casos. Outras 535 pessoas com Srag foram contaminadas pelo Influenza, número que chegou a 1.695 pelos “outros vírus”, 76% do total. Todos os 99 óbitos por Influenza apresentaram sintomas de Srag, assim como os 103 provocados pelo Sincicial, Parainfluenza e Adenovírus.

Se você é dos que dizem “tomei a vacina e fiquei doente”, a infectologista Joana D’arc Gonçalves, da Aliança Instituto de Oncologia e Hospital Regional da Asa Norte, em Brasília, responde: “São tantos vírus circulando que você se infectou por um outro contra o qual não se vacinou”. “Não tem vacina, as pessoas gripam mesmo.”

Síndrome matou 748 neste ano

Mas a Síndrome Respiratória Aguda Grave não mata apenas por Influenza e pelos outros três vírus respiratórios. Segundo o Ministério da Saúde, até o dia 8 de maio, 9.406 pessoas contraíram Srag e 748 morreram, incluindo aos 99 óbitos por Influenza e os 103 pelo Sincicial, Parainfluenza e Adenovírus.

Essas outras contaminações, no entanto, não ocorreram necessariamente por vírus. Em 61 casos com sete mortes, por exemplo, o ministério afirma que a contaminação se deu por “outro agente respiratório”. “Em época de seca, a Srag pode ser transmitida pela urina do rato. Também há quadros produzidos por bactérias. A leptospirose também causa os mesmos efeitos: pulmão encharcado, falta de ar e febre alta”, diz a especialista.

Mas, para a maioria dos casos, o governo classifica Srag por contaminação “não especificada” e “em investigação”. A “não especificada” provocou 474 mortes em pouco mais de cinco meses, enquanto a “em investigação” matou 65 pessoas no mesmo período.

Por que não tem vacina?

Infectologista e professora na Escola Paulista de Medicina da Unifesp, Nancy Bellei explica que, à exceção do Influenza, para os outros casos de Srag o problema não é apenas a falta da vacina. “Não têm tratamento para essas doenças.”

A médica, que também é membro da Sociedade Brasileira de Infectologia, diz que a descoberta de novos imunizantes está no radar dos governos, que “vão querer comprar a nova vacina porque as doenças provocadas por esses vírus geram um custo absurdo para a saúde”. Alguns deles, diz Bellei, devem ganhar uma vacina em breve.

“É o caso do Sincicial Respiratório. Temos inúmeros protocolos para a vacina. Já chegamos muito perto de conseguir uma opção comercializável”
Nancy Bellei, médica infectologista

Nancy espera que uma vacina seja comercializada na Europa e Estados Unidos “em dois ou três anos”. “Tem muitos protocolos em fase 3, sendo testados em indivíduos.”

Depois de aprovada no exterior, a vacina estaria pronta para chegar ao Brasil cerca de 18 meses depois. “O caminho é: libera nos Estados Unidos e Canadá, depois chega à Europa e então à América Latina. Precisaria de um ano para a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) aprovar. Aprovada, tem o processo para colocar preço. Levaria um ano e meio”, estima.

Até que esse dia chegue, a recomendação é prevenir. A médica recomenda evitar aglomerações e locais fechados e, se alguém contrair Síndrome Respiratória Aguda Grave, “não fique em casa, procure um hospital e se interne”, diz. “Contra o Influenza, vacine-se.”

33 milhões já foram vacinados

De acordo com informações do Ministério da Saúde divulgadas ontem, a campanha de vacinação, que termina em 31 de maio, imunizou 33 milhões de pessoas até o dia 7, 56% do público-alvo. São 59,5 milhões de idosos, gestantes, crianças, indígenas, mães com filho recém-nascido, forças de segurança, população carcerária, funcionários do sistema prisional, trabalhadores de saúde, professores e pessoas com comorbidades (com duas ou mais doenças).

Amazonas (91%), Amapá (84%), Espírito Santo (66%), Alagoas (66%) e Rondônia (64%) foram os Estados que mais vacinaram. Pará (50%), São Paulo (49%), Acre (45%) e Rio de Janeiro (38%), em último, são as unidades da federação com menor índice de imunização.

Fonte: Uol

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